Vai comprar um imóvel? Prepare-se para os gastos invisíveis

Os custos invisíveis na compra de um imóvel: o que ninguém te conta

Quando pensamos em comprar um imóvel, geralmente nossa atenção vai direto para a entrada e para o valor das parcelas. Mas, na prática, o caminho até receber as chaves envolve uma série de outros gastos que, se não forem previstos, podem desorganizar todo o orçamento.

Essas despesas adicionais muitas vezes ficam “escondidas” em contratos ou surgem no meio do processo, e por isso é fundamental conhecê-las antes de fechar negócio.

Por que é importante calcular todos os custos?

O valor final de um imóvel não se resume ao preço de venda. Existem impostos, taxas, serviços e ajustes que, somados, podem representar 8% a 12% do valor do bem. E quando não se planeja, o que era para ser um momento de realização pode virar um aperto financeiro.

Entre os principais custos que devem entrar na sua conta estão:

1. ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis

Tributo municipal obrigatório para registrar a transferência da propriedade. A alíquota varia de cidade para cidade, mas normalmente fica entre 2% e 3% do valor do imóvel.

2. Escritura pública

Documento emitido pelo cartório que formaliza a compra. O valor é calculado com base no preço do imóvel e nas tabelas do estado, geralmente entre 1% e 2%.

3. Registro do imóvel

Etapa que oficializa a propriedade em seu nome no Cartório de Registro de Imóveis. Sem ele, a compra não tem validade legal. O custo também segue tabela estadual e pode chegar a alguns milhares de reais.

4. Taxas bancárias e administrativas

No financiamento, o banco cobra por serviços como vistoria, análise de crédito, elaboração do contrato e abertura de conta. Em média, essas despesas ficam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.

5. Seguro habitacional

Exigido em financiamentos pelo Sistema Financeiro de Habitação, cobre morte, invalidez e danos físicos ao imóvel. O valor depende do perfil do comprador e do imóvel.

6. Custos com mudança

O transporte dos móveis e pertences inclui caminhão, embalagens e mão de obra. Dentro da mesma cidade, a despesa costuma ficar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil; para mudanças interestaduais, o valor sobe.

7. Reformas e melhorias

Pintura, instalação de armários, troca de fechaduras e ajustes gerais são comuns, mesmo em imóveis novos. Em usados, o investimento tende a ser maior.

8. Taxa de condomínio (quando houver)

Para apartamentos e casas em condomínios, há a taxa mensal, que varia conforme a estrutura e serviços oferecidos. Em alguns casos, existe também fundo de reserva ou rateios extras.

9. IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

Cobrado anualmente pela prefeitura, pode ser pago à vista ou parcelado. O valor é definido de acordo com a localização e características do imóvel.

10. Documentação pessoal

Alguns trâmites exigem a atualização ou emissão de certidões e documentos, o que gera custos menores, mas que devem ser previstos.

Dica prática: crie uma planilha e simule cada gasto com base na sua cidade e no valor do imóvel. Isso evita surpresas e ajuda a se preparar melhor.

Exemplo prático: compra de um imóvel de R$ 400 mil

• Entrada (20%): R$ 80.000

• Valor financiado: R$ 320.000

Custos adicionais estimados:

• ITBI (3%): R$ 12.000

• Escritura (1,5%): R$ 6.000

• Registro (0,75%): R$ 3.000

• Taxas bancárias: R$ 4.000

• Seguro habitacional (1º ano): R$ 1.200

• Mudança: R$ 2.000

• Reforma inicial: R$ 10.000

• IPTU (0,5%): R$ 2.000

• Documentação: R$ 200

Total de custos extras no primeiro ano: R$ 40.400
Desembolso inicial (entrada + extras): R$ 120.400
Percentual dos extras sobre o valor do imóvel: cerca de 10%

Conclusão

Comprar um imóvel é muito mais do que pagar entrada e parcelas. Conhecer todos os gastos envolvidos garante uma negociação mais tranquila, sem surpresas e com maior segurança financeira. Planeje, pesquise e coloque tudo no papel: assim, o sonho da casa própria se torna uma realidade sustentável e sem sustos.